Mesmo com apuração simplificada de IRPJ/CSLL, empresas do Presumido frequentemente recolhem PIS/COFINS e ICMS de forma indevida por falta de segregação ou erros de enquadramento. As oportunidades mais comuns envolvem monofásico, ICMS-ST, classificação fiscal, benefícios setoriais e retenções não aproveitadas.
Mapa das principais oportunidades
- Receitas com PIS/COFINS monofásico:
- Revenda de itens cuja tributação foi concentrada na indústria/importador → alíquota zero na revenda. Se houve recolhimento (3,65% cumulativo) por erro de segregação, cabe restituição/compensação.
- Segmentos onde isso costuma aparecer: farmácias, cosméticos/perfumaria, bebidas específicas, combustíveis e algumas autopeças, sempre por NCM.
- ICMS-ST — Ressarcimento:
- Quando a base presumida superar o preço de venda, ou em devoluções/saídas interestaduais, pode-se pleitear ressarcimento conforme regras da UF.
- Erros de classificação fiscal (NCM) e CST/CFOP:
- NCM trocado pode “mudar o mundo” da tributação: de monofásico para normal (ou vice-versa), com impacto direto no PIS/COFINS e no ICMS.
- Benefícios setoriais/regionais não apropriados:
- Incentivos estaduais, isenções parciais, reduções de base, regimes especiais.
- Retenções na fonte não compensadas:
- PIS/COFINS/CSLL (4,65%) e IRRF retidos por tomadores de serviço que muitas vezes ficam “perdidos” e podem ser compensados.
Quem costuma ter menos oportunidade
- Prestadores de serviço puro sem insumos relevantes e sem receitas monofásicas.
- Varejistas de linhas sem monofásico e com baixa incidência de ICMS-ST.
Observação: ainda assim, retenções e benefícios regionais podem existir. Vale conferir.
Metodologia de revisão — Ornaghi
- Mapeamento de receitas por NCM/CFOP; cruzamento de XMLs e SPED.
- Validação de monofásico por item e período; simulação do devido x recolhido.
- Análise de ST por UF, base presumida x preço de saída, devoluções e interestaduais.
- Auditoria de retenções (DARFs, informes de rendimentos, extratos de compensação).
- Memória de cálculo por competência (últimos 5 anos), com documentação suporte.
- Retificação de declarações e protocolos de restituição/compensação.
Documentos úteis
- XMLs de NF-e (entradas/saídas), SPED Fiscal/Contribuições;
- Cadastros de NCM/CST/CFOP e relatórios do ERP;
- DARFs de PIS/COFINS (cumulativo) e comprovantes de retenções (4,65% / IRRF);
- Regras estaduais de ST pertinentes à UF.
Riscos e boas práticas
- Conferir NCM com laudos/catálogos do fabricante; manter trilha documental.
- Controlar retenções por competência, com conciliação contábil.
- Atenção à legislação estadual para ST e prazos de ressarcimento.
Conclusão
No Lucro Presumido, as grandes “lacunas” surgem por monofásico ignorado, ST mal tratada, retenções esquecidas e NCM equivocado. Revisar 5 anos com base técnica costuma revelar oportunidades concretas.